Darbí José Alexandre
Quando no fim do ano percebi a tristeza de um pai
pela reprovação de seu filho na escola, senti a necessidade de escrever sobre a
minha experiência, como educador, por mais de trinta anos. Quando o pai recebeu
a notícia da reprovação de seu filho, tive a impressão que o seu mundo ia
desabar.
Para quantos pais o
"mundo desabou" no final do ano? Quantas crianças e quantos jovens
sentiram o chão "desaparecendo" de seus pés quando perceberam,
finalmente, que estavam reprovados. De quem é a responsabilidade por esse
acontecimento? Dos pais?... Delas mesmas?... Da escola?... Dos professores?...
Da sociedade?... Do governo?...
Não importa saber de
quem é a culpa. O que vale, neste momento, é encontrar a solução para o
problema. Muitas sabem e todos dizem que, para um país ser desenvolvido é
necessário investir na educação. Concordamos com essa afirmação e acrescentamos
que esse investimento não é apenas em dinheiro, mas também em postura
profissional.
As escolas são mal
aparelhadas... Os professores mal remunerados... O nosso país está pobre... As
nossas crianças estão mal nutridas... Ouvimos constantemente estas afirmações.
Verdadeiras ou não, elas não podem interferir na formação das nossas crianças e
no aperfeiçoamento dos nossos jovens.
As nossas escolas não
podem ser consideradas indústrias e nossos docentes e responsáveis pela
educação, operários. Nossas crianças e nossos jovens não são produtos que devam
caminhar na linha de produção e sair acabados enquanto aquele que possua algum
defeito deva ser, simplesmente, retirado para não comprometer a qualidade dos
outros.
Somos seres humanos
feitos à imagem e semelhança de Deus, parecidos uns com os outros, mas
com certeza, nunca iguais. Temos que ser tratados de forma diferenciada e
aqueles que têm mais dificuldades devem receber mais atenção por parte de
todos: pais, professores, colegas, amigos... Da sociedade enfim.
Certa vez presenciei o
trabalho incansável de uma colega professora especializada em deficientes
mentais. Por mais de duas semanas ela dedicou todo o seu tempo profissional
para ensinar uma daquelas crianças a vestir o seu calção. Ninguém pode imaginar
a sua satisfação quando demonstrou que sabia fazê-lo sozinha, que havia
aprendido.
A dedicação, o amor, o
respeito pelo trabalho que realizava trazia sempre, àquela mestra, uma
realização pessoal que não pode ser comprada por nenhum dinheiro do mundo.
Para melhorar a educação
no nosso país, por onde devemos começar?
Para ninguém se sentir
melindrado, deveríamos começar todos juntos: governo, sociedade, escola,
família e os próprios alunos. Não erradicamos a poliomielite? Porque não
podemos erradicar o analfabetismo e implantar uma nova mentalidade educacional?
Perguntando aos nossos jovens
qual o melhor tempo do ano, com certeza nos responderiam que é o tempo de
férias. O tempo de aulas, para eles é muito difícil. Com escolas mais
atrativas, professores mais amigos, administradores mais responsáveis, nossos
alunos sentir-se-iam mais felizes em frequentar nossas escolas. Assim o
resultado seria muito melhor.
Um pedreiro, quando está
construindo um muro e coloca um tijolo que não fica bem, ele o retira,
desfaz-se dele e, imediatamente, coloca outro no lugar. Um educador quando
encontra um aluno com dificuldades, não pode simplesmente retirá-lo como o
pedreiro faz com o tijolo e procurar outro para colocar no seu lugar.
É um ser humano e como
tal merece ser respeitado.
( do meu livro: EDUCAR... UM ATO DE AMOR )