Darbí
José Alexandre
Muitos dos nossos problemas são criados
e não solucionados porque não sabemos ouvir. Na vida a maior dificuldade das
pessoas é saber ouvir. Na escola essa afirmação não é diferente.
Geralmente ninguém se preocupa em
ouvir. Ouvir não é fácil. Requer: atenção, disposição, atitude... Para a pessoa
que deseja aprender há momentos para ouvir e momentos para falar. É necessário
respeitar esses momentos.
Ouvir é mais produtivo do que falar. A
pessoa que sabe ouvir é mais simpática, conquista o interlocutor e, acima de
tudo, acrescenta ao seu patrimônio cultural a informação que o seu interlocutor
exterioriza.
Um dos problemas que impede que a
pessoa seja um bom ouvinte é que falamos, em geral, 125 palavras por minuto,
mas pensamos quatro vezes mais depressa.
Ouvir é bem mais complexo do que
escutar. Enquanto escutar pode ser descrito como um processo neurofisiológico,
ouvir implica um processo intelectual e emocional. É a síntese de muitas
atividades incluindo o escutar.
A natureza deu a cada pessoa dois
ouvidos e uma língua procurando ensiná-la que se deve ouvir mais e falar menos.
Falar é importante para quem fala. À medida que se fala exteriorizamos
conhecimentos acumulados. Ninguém consegue falar sobre aquilo que não conhece.
Ao falar não acrescentamos praticamente nada ao nosso patrimônio cultural.
Vivemos imersos em cogitações pessoais.
Tudo quanto pensamos é em termos de “nós” numa demonstração de egoísmo,
enquanto ouvir é renunciar. É uma demonstração de altruísmo em tudo quanto essa
palavra significa de amor e atenção ao próximo.
Ouvir é bem mais do que um simples
processo: é uma atitude voluntária e consciente. A pessoa ouve quando quer
ouvir e não ouve quando não quer. Funciona, no aparelho auditivo, um seletor.
Podemos, à vontade, desligar o receptor embora continuemos dando a impressão de
ouvir graças ao funcionamento preciso do seletor, sempre capaz de expressões
faciais coincidentes com as palavras que não ouvimos. O preconceito é um dos pilotos
automáticos desse estranho aparelho.
Ouvimos
melhor sempre que precisamos compreender assunto de interesse, sempre que a
nossa curiosidade for despertada ou se alguém se referir a qualquer assunto que
nos afete pessoalmente.
É um fato o nosso apego às pessoas que
nos ouvem, tanto mais profundo quanto mais carinhosamente somos ouvidos.
Para quem contamos os nossos segredos?
O primeiro dos mandamentos do ouvinte atento é: parar de falar, pois quem fala não ouve.
Para quem contamos os nossos segredos?
O primeiro dos mandamentos do ouvinte atento é: parar de falar, pois quem fala não ouve.
Muitos professores iniciam seus trabalhos
sem muitos contatos com seus alunos. No primeiro dia de aula, fazem a chamada e
“descarregam” a matéria para manter os seus alunos ocupados e, consequentemente,
não terem problemas disciplinares.
O professor que quiser manter um bom
relacionamento com seus alunos deve, nos primeiros contatos, conhecê-los por
meio de apresentações pessoais, ouvindo-os atentamente. Deve orientá-los sobre
a importância do saber ouvir mostrando-lhes a grande vantagem do bom ouvinte.
Com certeza, o professor que se preocupa
em alicerçar seus ensinamentos em regras mais seguras obterá melhores
resultados com seus alunos. Eles sentem que esse professor é amigo e lhe
dedicarão maior atenção.
Usando melhor nossa capacidade de ouvir
muitos problemas de sala de aula e de nosso relacionamento social não terão
razão de existir.
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