Amigo Darbi:
Tenho acompanhado pelo seu Blog do Jubileu o andamento dos trabalhos, da divulgação de fotos, narração de fatos interessantes..... a festa já está "pegando fogo" graças ao seu empenho. Parabéns.
Como entrei há pouco no Facebook e, como tenho computador lento, ainda não manejo e não sou capaz de anexar fotos e textos para divulgação.
Sugestão para sua turma: na nossa festa foi pedido que se fizessem crônicas, poesias, músicas que lembrassem a escola, a turma, os professores, as carreiras, as amizades etc e tal. Pode esperar que aparecem grandes revelações, mas de modo geral, a produção é pequena, pois nem todos gostam de redigir ou historiar.
Por exemplo: na nossa festa escrevi a crônica que estou anexando nesta mensagem. Se v. quiser, pode divulgá-la. Há fatos comuns de todas as formaturas do nosso querido curso Normal.
Abraços
Casemiro
PS: Minha mulher, Eleonora - também professora - tem acompanhado e elogiado o seu Blog.
Tenho acompanhado pelo seu Blog do Jubileu o andamento dos trabalhos, da divulgação de fotos, narração de fatos interessantes..... a festa já está "pegando fogo" graças ao seu empenho. Parabéns.
Como entrei há pouco no Facebook e, como tenho computador lento, ainda não manejo e não sou capaz de anexar fotos e textos para divulgação.
Sugestão para sua turma: na nossa festa foi pedido que se fizessem crônicas, poesias, músicas que lembrassem a escola, a turma, os professores, as carreiras, as amizades etc e tal. Pode esperar que aparecem grandes revelações, mas de modo geral, a produção é pequena, pois nem todos gostam de redigir ou historiar.
Por exemplo: na nossa festa escrevi a crônica que estou anexando nesta mensagem. Se v. quiser, pode divulgá-la. Há fatos comuns de todas as formaturas do nosso querido curso Normal.
Abraços
ACONTECEU EM BOTUCATU
EM 1962
Crônica de Luiz Carlos Casemiro
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O ano é de 1962. O mês é novembro, fim de novembro, quase verão. Três
moços carregam, encabulados, um enorme painel de madeira escura. Imbuia. Pelo
jeito dos rapazes aquilo pesa muito. A
cidade é Botucatu, conhecida pelo “slogan” de “Bons Ares e Boas Escolas” (isso
é verdade!). No alto-falante do beiral,
lá em cima, do prédio do Cine Paratodos, toca a oração da Ave-Maria com a suave
música de fundo. Há paz! Muita paz! Sopra o vento fresco que sobe da serra e
atinge essa gostosa cidade. Há sol, agora ele se põe depois das 7 horas.
Com diversas excelentes escolas – a cidade não tem faculdades – o nível máximo atingível é a formação dos
professores da conceituada Escola Normal. Os recém-diplomados merecem a
honraria de ficar com suas fotos, de togas e becas, expostas no enorme saguão
do novo prédio da Drogasil da rua Amando de Barros .
Nesse ano, em outubro, o Diretor da
Escola Normal, o Professor José Pedretti Netto, incumbiu aos próprios alunos cuidarem do painel. As fotos de professores,
inclusive a dele como novo Diretor, pois substituía o aposentado Adolpho
Pinheiro Machado, repassaria ao responsável
pela confecção do quadro deste ano. O
Pedretti que fôra nosso Professor de História, era um exemplo a ser seguido,
pois em suas aulas poder-se-ia ouvir uma mosca voando, silêncio absoluto, tão
interessante ele narrava as epopéias. Zum-zum na classe, somente quando ele recebia
de presente, de alunos, lápis com propaganda. Sua coleção já atingira mais de
500 exemplares. No ginasial havia um
colega, Olavo Nunes da Silva, falecido precocemente, pouco sabia da matéria,
porém era ele o maior fornecedor desses mimos ao professor. Dizíamos, e o Olavo ria, esse puxassaquismo é
a sua salvação da segunda-época em História.
Por intercessão do Professor de Desenho Pedagógico, José Barbosa, fui
nomeado para refazer o painel. Retirar
as fotos do ano anterior, afixadas sob vidro. Tinha guarnições aparafusadas.
Limpeza, reenvernizamento. Receber fotos dos colegas e fixá-las no quadro. Escrever seus nomes, e as cidades de suas origens,
com letra tipo bastão. Eu indiquei o
colega Sérgio para me auxiliar.
Fomos “apresentados” ao
painel que estava encostado no fundo da sala de exames biométricos de Educação
Física. Sim, havia isso. Enorme, pesado, empoeirado. Decidimos que seria melhor
levá-lo para minha casa. Nesse ano de
1962, minha mãe fôra transferida para o Dispensário de Tuberculose da Mooca, em
São Paulo (ela era responsável pelos exames tuberculina e testes de
Mantoux). Por causa disso, e para
concluir o Curso, fui morar com minha tia Izabel, solteira, idosa, na Rua
Djalma Dutra, esquina com a Rua Curuzu, ali pertinho da ponte do Chafariz da
Bela Vista.
O transporte do Quadro da Escola para minha casa não seria fácil. A primeira
idéia que surgiu: retirar os bancos traseiros do fusca do professor Godinho e,
sabe Deus como, aninhá-lo ali.
Nãonãonão, disse o mestre de Matemática.
O bedel, Sr. Winckler, arrumou um amigo que tinha caminhote. Eis o quadro na sala da minha tia. Ela a princípio não aprovou essa intromissão;
depois, aceitou. Ficou orgulhosa de seu
sobrinho ter a honrosa missão.
As fotos eram tiradas no estúdio
do Progresso Garcia, misto de fotógrafo e vice-prefeito do Emílio Pedutti. Dizia ele, podem vir do jeito que quiserem,
aqui tenho a toga, o chapéu, pente, espelho e cheirinho de café. Não! Ele, não
servia cafezinho. Sua loja ficava ao lado da Torrefação e Moagem do Café Tesoro
(assim mesmo, o dono devia ser espanhol) na Rua Curuzu.
Quadro montado, bonito, pronto
para ser exposto na Farmácia ao lado da balança. Fim de novembro, tarde de sol,
quase na hora da Ave-Maria. Eu e o
Sérgio tentamos levar o painel.
Pesadíssimo! Não deu. Chamamos o colega Odair para ajudar. O paquerador, nessas tardes gostosas, fazia
plantão no entorno do Cine Paratodos. Pertinho
de casa. Em três vai? Fomos! Eu e o
Sérgio tímidos, aquilo chamava uma atenção fora do normal. O “cara-de-pau” do Odair, cigarro pendurado
malandramente nos lábios, só na gozação; segurando o painel pelo meio. Subimos a rua Djalma Dutra muito bem, pouca
gente transita por ali. A coisa ficou “brava”
ao virarmos a calçada do cinema. Íamos
encostados nas paredes, com as fotos viradas para esse lado, para diminuir
nossa “vergonha”. Ainda bem que a
Drogasil ficava no primeiro quarteirão da rua Amando.
Ufa! Chegamos. Nesse horário, aos
contrário do que desejávamos, a farmácia estava lotada. Clientes curiosos vieram ver as fotos dos
novos professores.
Alívio, missão cumprida, ... se não fosse isto: cadê a fotografia da Professora
Durvalina? No nicho onde deveria estar a
foto dela havia um parafuso solto. Nossa
mãe! Logo ela, tão séria, responsável, vaidosa. E o Odair cutucando atrás: “cês tão ferrado, podem ir se preparando para
a segunda-época em Biologia Educacional”, e ria muito o safado. Sugeria: “digam a ela que o Menocchi (colega
formando conosco que é filho da Durva) ajudou a fazer o painel”. “Ele vai
limpar a barra de vocês dois”. Ria de
novo, “não sei não, acho que também ele vai ser reprovado”.
Resolvemos percorrer o
caminho inverso, a procura do retrato. Demos sorte, lá estava a Durvalina –
parece que com outra feição da foto original, desta vez, enfezada – caída no
degrau do Cine Paratodos.
O grande painel, mostrando nossas
fotografias, onde estávamos paramentados de mestres, da melhor Escola de
Botucatu, expondo nossa conquista aos 60 mil habitantes da cidade, quase
dizendo a quem nos via: Aqui estão os melhores de 1962!
São Paulo (SP), 15 de setembro de 2012.
(1962 – 2012)
Apresentada nas festividades do
Jubileu de Ouro, na Escola Normal.
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