segunda-feira, 10 de novembro de 2014

EDUCAÇÃO... UMA NOVA VISÃO





Darbí José Alexandre

Quando no fim do ano percebi a tristeza de um pai pela reprovação de seu filho na escola, senti a necessidade de escrever sobre a minha experiência, como educador, por mais de trinta anos. Quando o pai recebeu a notícia da reprovação de seu filho, tive a impressão que o seu mundo ia desabar.
     Para quantos pais o "mundo desabou" no final do ano? Quantas crianças e quantos jovens sentiram o chão "desaparecendo" de seus pés quando perceberam, finalmente, que estavam reprovados. De quem é a responsabilidade por esse acontecimento? Dos pais?... Delas mesmas?... Da escola?... Dos professores?... Da sociedade?... Do governo?...
     Não importa saber de quem é a culpa. O que vale, neste momento, é encontrar a solução para o problema. Muitas sabem e todos dizem que, para um país ser desenvolvido é necessário investir na educação. Concordamos com essa afirmação e acrescentamos que esse investimento não é apenas em dinheiro, mas também em postura profissional.
     As escolas são mal aparelhadas... Os professores mal remunerados... O nosso país está pobre... As nossas crianças estão mal nutridas... Ouvimos constantemente estas afirmações. Verdadeiras ou não, elas não podem interferir na formação das nossas crianças e no aperfeiçoamento dos nossos jovens.
     As nossas escolas não podem ser consideradas indústrias e nossos docentes e responsáveis pela educação, operários. Nossas crianças e nossos jovens não são produtos que devam caminhar na linha de produção e sair acabados enquanto aquele que possua algum defeito deva ser, simplesmente, retirado para não comprometer a qualidade dos outros.
     Somos seres humanos feitos à imagem e semelhança de Deus, parecidos uns com os outros, mas  com certeza, nunca iguais. Temos que ser tratados de forma diferenciada e aqueles que têm mais dificuldades devem receber mais atenção por parte de todos: pais, professores, colegas, amigos... Da sociedade enfim.
     Certa vez presenciei o trabalho incansável de uma colega professora especializada em deficientes mentais. Por mais de duas semanas ela dedicou todo o seu tempo profissional para ensinar uma daquelas crianças a vestir o seu calção. Ninguém pode imaginar a sua satisfação quando demonstrou que sabia fazê-lo sozinha, que havia aprendido.
    A dedicação, o amor, o respeito pelo trabalho que realizava trazia sempre, àquela mestra, uma realização pessoal que não pode ser comprada por nenhum dinheiro do mundo.
     Para melhorar a educação no nosso país, por onde devemos começar?
     Para ninguém se sentir melindrado, deveríamos começar todos juntos: governo, sociedade, escola, família e os próprios alunos. Não erradicamos a poliomielite? Porque não podemos erradicar o analfabetismo e implantar uma nova mentalidade educacional?
    Perguntando aos nossos jovens qual o melhor tempo do ano, com certeza nos responderiam que é o tempo de férias. O tempo de aulas, para eles é muito difícil. Com escolas mais atrativas, professores mais amigos, administradores mais responsáveis, nossos alunos sentir-se-iam mais felizes em frequentar nossas escolas. Assim o resultado seria muito melhor.
     Um pedreiro, quando está construindo um muro e coloca um tijolo que não fica bem, ele o retira, desfaz-se dele e, imediatamente, coloca outro no lugar. Um educador quando encontra um aluno com dificuldades, não pode simplesmente retirá-lo como o pedreiro faz com o tijolo e procurar outro para colocar no seu lugar.
     É um ser humano e como tal merece ser respeitado.

                                    ( do meu livro: EDUCAR... UM ATO DE AMOR )