sábado, 22 de fevereiro de 2014

O BLUSÃO DO BRASINHA

foto tirada da internet

O BLUSÃO DO BRASINHA FOI IMPLANTADO NO IECA NO ANO DE 1964. O DESENHO DO BRASINHA FOI UMA ESCOLHA DOS ALUNOS. FOI RETIRADO DA REVISTINHA "O BRASINHA". O USO DELE FOI NO DESFILE DE 7 DE SETEMBRO. DURANTE O DESFILE, DOM HENRIQUE GOLLAND TRINDAD FALOU PARA O PROFESSOR PEDRETTI: "COMO O SR DEIXOU QUE SEUS ALUNOS ANDASSEM COM UM CAPETA NAS COSTAS?" SEI DISSO PORQUE ERA O PRESIDENTE DO GRÊMIO E FUI CHAMADO PELO PROF. PEDRETTI QUE ME COMUNICOU O FATO. DISSE-LHE QUE O "BRASINHA" NÃO IA INFLUENCIAR EM NADA NAS ATITUDES DOS COLEGAS. E ASSIM FOI...

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A Caminhada de um Professor





                                         CRÔNICA  DE  LUIZ  CARLOS  CASEMIRO


 Em 1959 terminei o ginasial e decidiria em poucos dias a escolha do curso de segundo grau para prosseguir em meus estudos.  O Instituto de Educação Cardoso de Almeida, de Botucatu, no interior do Estado de São Paulo, oferecia três opções: Científico, Clássico e Normal.  Escolhi este último pela vocação de professor, com a vantagem de ser o mais rápido para iniciar carreira profissional. Os outros dois estavam voltados à preparação para a Universidade. A cidade não dispunha de nenhuma faculdade.
                Para fazer o Curso Normal, em razão do excesso de candidatos para as quarenta vagas, era necessário enfrentar no início de fevereiro exame vestibular com provas escritas de Português, Matemática, História e Geografia. Havia muitos interessados, mesmo porque, estudantes de outras cidades concorriam às vagas.
                Receoso com as dificuldades que teria com as provas, principalmente na matéria da Língua Pátria, frequentei as aulas de Português ministradas pelo Monsenhor Melhado; bom e altruísta, nada cobrava pelo cursinho. Expunha seus conhecimentos em  sala do SENAC, ao lado da Escola de Datilografia, próximas de tal modo que o “martelar” dos aprendizes nos teclados das máquinas de escrever soava no recinto, confundindo a leitura de textos. Os tlec-tlec-tlec-tlecs, multiplicados, posso senti-los até hoje, e tenho saudades. Em contrapartida desse inconveniente tínhamos ampla visão do jardim, um primor, pois o imóvel estava localizado entre a sede do Jornal Monitor Diocesano – Botucatu já tinha bispo há muitos anos -  e a Santa Casa de Misericórdia, numa praça muito arborizada. Algum tempo depois o mestre religioso tornou-se bispo de Sorocaba. Ele era amigo, ... amigo de visitar os meus avós por ter o seu pai, espanhol, nascido na mesma região da família de minha avó. Ela coincidentemente tinha tio cura (padre) em Salamanca.

                Feito os exames com provas dessas matérias, sobrevinha-me a expectativa e a apreensão, pois se reprovado não teria a chance de inscrever-me nos outros dois cursos. 
                Na semana seguinte saiu a lista dos aprovados com a divulgação das notas obtidas pelos candidatos. Estava afixada no quadro instalado no Saguão Monumental da Escola Normal.
                Subi as escadarias. Atravessei o portal. Ansioso, nervoso, instalei-me atrás de outras pessoas que conferiam os resultados e, com muito esforço, afobado fui tentando encontrar o meu nome.
                Pairava dúvida em meu pensamento: Teria ...(eu)... sido aprovado?
                Letrinhas e números dançavam nos meus olhos quando conseguia espionar poucas partes da lista entre os vãos das cabeças das pessoas que se encontravam à minha frente.
                Humilde! Procurei meu nome ali pelo meio do documento. Não o encontrei. Com muita dificuldade ao lado daquelas pessoas que eu nem conhecia, pude por um instante enxergar a parte inferior da lista. Nada! Nem nos dez nomes de excedentes que poderiam ser convocados caso houvesse desistências.
                De repente, no momento em que o bolo de pessoas se dissipou, abrindo espaço para que eu acessasse a listagem, meu coração deu um pulo e disparou: Vi o meu nome ... Fôra aprovado em segundo lugar.
                 Puxa vida! Que surpresa!
                
                
                Que emoção! Ainda mais por que interessados em conferir a lista que chegavam ao local podiam ouvir-me da minha conquista. Ali, uma pessoa disse algo que me deixou ainda mais feliz: - “Olhe? Quem passou em primeiro lugar é uma menina que terminou o Científico e decidiu também fazer agora o Curso Normal.” Essa informação deixou-me mais satisfeito.  Essa candidata acabou desistindo do curso antes de seu início.

                 Como explicar essa distinção?
                 Retrocedendo ao meu passado escolar.
                 Eu não fora um estudante brilhante até o término da terceira série do ginásio. Chegava aos exames finais, com provas escritas e orais, sempre precisando um “caminhão” de pontos para fechar o ano. A partir da quarta série algo aconteceu comigo, tal qual a brusca mudança que o Padre Vieira (*) conta que lhe ocorrera (tornou-se muito inteligente após um forte estalo na cabeça, quando a bateu em uma pedra). No meu caso, sem a cabeçada. Mais amadurecido, seguindo os conselhos de minha mãe (crie juízo, meu filho! Estude.),  passei a compreender os assuntos tratados em aulas.
                Por exemplo: Em Matemática passei anos sem entender o porquê do resultado do Máximo Divisor Comum sempre é um numero baixo (não era o Máximo?) e o Mínimo Múltiplo Comum dá como resultado um número de valor elevado (não era o Mínimo?).  Pudera! Aprendi com o professor Cid Augusto Guelli, matemático de talento reconhecido mundialmente. Lembro-me dele com o seu grosso bigode amarelado de nicotina e os dois bolsos do avental repletos de gizes coloridos. Afastou do magistério público e fundou, com outros renomados professores,  o tão lembrado primeiro Curso Pré-Vestibulares de São Paulo, o Anglo Latino, na Rua Tamandaré, no Bairro da Liberdade.
                 Nessa quarta série,  além do  Cid Guelli, outros professores contribuíram para essa minha transformação. Cito, como exemplos: José Pedretti Netto, de História; João de Queiroz Marques, de Ciências; Flávio Lobo, de Desenho; Dinéia Ducatti, de Geografia; dona Jair Conti, de História da Civilização; Durvalina da Silva Menocchi, de Biologia; José Sartori, de Trabalhos Manuais; entre outros.

                   Flutuando de felicidade, nem acreditando no sucesso, retornei ao lar.
                  Dei a notícia à minha mãe.  De seus olhos, emocionada, desceram lágrimas.
                  Ela de imediato dirigiu-se à vizinha, dona Matilde Badelucci, relatando agradecida a minha façanha, pois foi essa mulher inteligente a responsável por incentivar a “essa gente simples daqui do lado, a essa viúva moça” para que seus dois meninos estudassem. Ela sempre comentava que o futuro na Sorocabana, quase sempre o destino da gente do Bairro da Estação, onde vivíamos, poderia ser muito bom (o marido dela, Sr. Antonio Badelucci e meu pai, Mires Casemiro, foram funcionários da Estrada-de-Ferro),  mas com o estudo o porvir seria ainda melhor.
                    Ela tinha razão.  

                                         Luiz Carlos Casemiro – o Casê


                                               São Paulo (SP), 15 de setembro de 2012.
                                               Por ocasião do Jubileu de Ouro dos Professores Formados na   
                                               Escola Normal de Botucatu, em 1962
                            Instituto de Educação  Dr. Cardoso de Almeida                                                                                                        
            
(*) – Padre Antonio Vieira – 1608 a 1697 – Jesuíta português viveu no Brasil a maior parte de sua existência, principalmente na Bahia. Escritor, poeta, missionário, político, grande orador.  Combateu a escravatura de negros e de índios. Deixou registrado mais de 200 primorosos sermões, além de cartas e obras literárias.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O PROFESSOR E A ÉTICA PROFISSIONAL...

 

A palavra ética é derivada do termo grego êthê, que significa costume. Na linguagem moderna o adjetivo ético designa “qualidade de ser”.
Ética profissional é o conjunto de princípios que regem a conduta funcional de uma determinada profissão, isto é, são normas de conduta em cada profissão.
Toda profissão tem sua ética ou sua moral valorizada, de um modo ou de outro, pelos diversos profissionais. Se a profissão é transformada em missão - como é o caso do professor – então essa ética profissional atinge nova dimensão em que só o adestramento não é suficiente para a sua realização.
O código de ética envolve: a moral, o caráter, a conduta e outras qualidades que todo profissional precisa ter.
O sucesso de um professor depende de suas boas qualidades pessoais. Além das qualidades inatas podemos adquirir outras, procurando um aperfeiçoamento cada vez maior do nosso eu.
Assim, diria a todos que algumas qualidades são essenciais para que possamos trilhar os caminhos da nobre missão que escolhemos para nossas vidas.
Entre elas, destacamos: a inteligência e o bom senso. O professor que não for capaz de raciocinar logicamente, de resolver problemas, dificilmente poderá ser um bom professor. Deve ser criterioso e sensato procurando não se afastar da realidade e metódico para não deixar o caminho aberto para a indisciplina, conflitos e desordem,
Além destas qualidades intelectivas, o bom professor deve apresentar outras que passo a lembrar:
-         Honestidade: – compreendida na sua acepção mais ampla, a honestidade abrange todos os momentos e situações de nossa vida. Não há maneira de ensinar mais forte e suave do que pelo exemplo. O professor deve procurar o verdadeiro significado da palavra honestidade e divulgá-lo entre os seus alunos.
-         Sinceridade: – devemos demonstrar a todos que as nossas palavras e ações correspondem sempre, exatamente, às nossas convicções e sentimentos.
-         Coragem: – devemos ser sempre corajosos, sem vacilações, colocando acima das paixões, os nossos sentimentos de justiça.
-          Boa postura é também um fator de autoridade. Um professor de aparência abatida, tímido ou com mau aprumo físico, pouco respeito conseguirá dos seus alunos. Confie em si próprio resolvendo os problemas de sala de aula com o mínimo possível de assistência de seus superiores. Não deixem que os outros resolvam o “caso” para você. O que lhe compete, você tem a responsabilidade de fazê-lo.
-         Transigência: – Sendo tolerantes com os outros poderemos admitir e reconhecer os nossos próprios erros, sem perder a dignidade. A transigência é a característica de uma personalidade bem formada.
-         Serenidade: – o bom professor deve dominar o sentimento de cólera, de irritação ou de parcialidade. Ele deve conservar a calma em todos os momentos. Quem não se desorienta, consegue ser bem visto.
Além destas, o bom professor deve apresentar algumas qualidades psicológicas, sem as quais não conseguirá se realizar através do seu trabalho. Entre elas destacamos:
-         Personalidade: – deve imprimir nas suas ações e palavras, a marca do seu caráter.
-         Espírito de iniciativa: – é a coragem a serviço da inteligência e da imaginação. Aquele que não tem coragem de inovar, de abrir novas rotas, de encontrar soluções novas para uma vida melhor nunca será um bom professor.
-         Empatia: – é a qualidade preciosa para se compreender as dificuldades e deficiências dos outros.
-         Espírito de justiça: – o bom professor deve ser justo e imparcial para colocar-se à confiança e ao respeito dos seus alunos.
-         Espírito de solidariedade: – para abrir o campo da perfeita compreensão, colaboração e auxilio mútuo entre os seus alunos.
Marque a sua presença no trabalho pelo entusiasmo. Ele é contagiante. Passa rapidamente de pessoa para pessoa, principalmente do professor para o aluno.
Não espere de braços cruzados. Busque os meios para preparar os seus recursos instrucionais. Os mais simples, às vezes, tornam-se os mais eficientes.
A melhor maneira de obter bons resultados dos alunos é: sendo amigo, tendo tato, sendo sincero e cortês. Seja simpático à sua maneira, mas seja verdadeiro.
Esteja sempre pronto para colaborar desinteressadamente. Quem assim procede sempre é recompensado.
Em suas aulas, fale de modo a ser ouvido, mas não grite. Falar baixo distrai o aluno e muito alto, aborrece-o Procure o tom ideal para o lugar onde se encontra.
Assiduidade e pontualidade são qualidades que os alunos observam muito nos professores. É muito difícil para o aluno ir à escola e tomar conhecimento que o professor faltou. Portanto, mantenha as suas boas condições físicas e mentais. Não falte por banalidades. Comece e termine as suas aulas na hora certa. Se possível avise, com antecedência, a sua falta para possibilitar providências a tempo.
Cumpra, à risca, as normas e regulamentos da entidade onde trabalha. Os alunos percebem quando o professor não as cumpre. Este mau exemplo é depois seguido por eles, em prejuízo do próprio professor. Os resultados são desastrosos.
A lealdade é uma das características que mais admiro no ser humano.
Nas qualidades do professor, a aparência pessoal assume um aspecto muito importante. A tendência dos alunos é sempre imitar o professor que muitas vezes passa ser seu ídolo. O baixo salário e a pobreza não justificam o desmazelo.
Conheça-se a si mesmo. Aperfeiçoe-se e garanta o seu sucesso pessoal.
O professor deve dar o exemplo exigindo, ao mesmo tempo, que os alunos o imitem, portanto nunca usem linguagem profana ou obscena,
Muitas pessoas galgam posições melhores, à custa dos esforços de outros, porém, quando conseguem não se mantêm por muito tempo,
Como professores nós somos exemplos para os nossos alunos. Não devemos procurar favores para nós, prejudicando os nossos colegas,
 Devemos usar o nosso valor se desejarmos melhorar a nossa posição pessoal,
Nunca devemos espalhar boatos. Ele é sempre perigoso e prejudicial às pessoas e à organização. Podem causar resultados desastrosos aos que o inventam e abatem a moral de todos. Como exemplo, podemos lembrar o caso da Escola de Base, cujos proprietários foram acusados de algo que não fizeram. Eles foram inocentados, mas a escola foi destruída e, nunca mais se reergueram,
Não devemos fazer comentários desairosos sobre as pessoas. Quando assim procedemos seremos malquistos pelos outros e ninguém confiará em nós,
Em assuntos oficiais nunca devemos quebrar a hierarquia. Devemos seguir sempre os canais competentes. Façamos sempre as comunicações e solicitações através das nossas chefias. Isto não nos impede de dar sugestões para a melhoria do trabalho escolar,
Algumas pessoas são muito zelosas de crenças e ideologia política. Portanto, não devemos fazer comentários religiosos ou partidários para não correr o risco de ferir suscetibilidades.
Isto não nos impede de falar da importância da política e de que política é a ciência do governo dos povos, a arte de dirigir as relações entre os estados. Assim sendo, não se pode entender a política como coisa cheia de discursos, promessas de eleições e muita sujeira. Temos que falar que pela política um povo pode alcançar a riqueza ou permanecer na pobreza, melhorar a educação ou ter a falta dela, enfim ser feliz ou continuar infeliz.
É evidente que somos livres de nos preocuparmos ou não com a política e os políticos, mas será que temos a consciência das consequências que essa passividade pode ocasionar?
Muitos afirmam que os políticos são pessoas de mau caráter, mentirosas e enganadoras. Os políticos que assim agem não são políticos, e sim politiqueiros, isto é, empregam processos menos corretos de fazer política. São partidários, na verdade, da política mesquinha e de interesses pessoais.
O verdadeiro político é aquele que trabalha para a comunidade e coloca os negócios públicos acima dos seus.
Pensando bem, pode-se afirmar que muitos dos grandes homens que são admirados foram políticos ou célebres pelas consequências políticas de seus atos. Grandes homens sempre têm atividade política, estejam ou não pensando nisso.
Viver resignado, enclausurado, sem preocupação com a sociedade é como se transformar em caramujo. Poucas coisas são mais nobres do que a dedicação à coletividade, principalmente quando não carrega interesses mesquinhos, mas ideais que têm como objetivo o bem estar público.
Quem achar que os políticos são em sua maioria, incompetentes e pouco dignos de confiança, deve verificar se outros profissionais como, por exemplo: banqueiros, médicos, professores, engenheiros, advogados, policiais, comerciantes, metalúrgicos e outros, também não o sejam. Pois, aquilo que se costuma chamar de “classe política” nada mais é que um grupo de pessoas surgidas da própria sociedade.
“O mundo está repleto de resignados, de conformados, de fatalistas - doentes – cujos corações se convencem a não mais lutar, a não mais colaborar, a não mais esperar, mas a se recolher em tocas, aguardando o desfecho da história e o fim do mundo. Julgam que a injustiça é tão grande e o poder do mal tão ofensivo que de nada vale se incomodar e reagir. Se assim fosse, o verdadeiro inimigo da sociedade não seria o violento, o terrorista, e sim, o resignado”.
O sucesso de um professor depende de suas boas qualidades pessoais. Assim, diria a todos que essas qualidades são essenciais para que possamos trilhar os caminhos da nobre missão que escolhemos para nossas vidas.
                                    trecho do meu livro: A ARTE DE ENSINAR E APRENDER


sábado, 15 de fevereiro de 2014

A EFICIÊNCIA DO ENSINO E A PARTICIPAÇÃO DO ALUNO



                                   Prof. Darbí José Alexandre

O conceito de aprendizagem é de caráter bem amplo uma vez que compreende toda mudança de comportamento ou atitude, quer no sentido positivo ou negativo decorrente da convivência do indivíduo com o seu ambiente físico-social, quer da orientação formal que ele recebe dos educadores.
O fruto da aprendizagem é caracterizado pela exteriorização de um pensamento ou pela tomada de uma decisão. Assim, podemos afirmar que: “não é o professor quem ensina o aluno, mas este é que aprende por si próprio”. Tal como o médico apresenta uma série de medicamentos para a cura dos doentes, o professor apresenta uma série de estímulos para desenvolver os conhecimentos dos alunos. Dessa forma, como cada doente vai reagir, individualmente, à ação do medicamento, cada aluno vai, individualmente, emitir pensamentos e tomar decisões em função dos estímulos que lhe for apresentado.
A aprendizagem mais efetiva ocorre quando o aluno está interessado e deseja aprender. Podemos tentar forçar um aluno a aprender, porém isso não se efetiva porque ele só aprende se estiver interessado e se quiser.
Aprender é uma tarefa árdua, na qual se convive o tempo inteiro com o que ainda não é conhecido. Para o sucesso da empreitada, é fundamental que exista uma relação de confiança e respeito mútuo entre o professor e o aluno, de maneira que a situação escolar possa dar conta de todas as questões de ordem afetiva.
O professor deve criar, em sala de aula, um ambiente estimulante e saudável e ao mesmo tempo manter uma condição de trabalho propícia à atenção, concentração e reflexão. O professor que não sensibiliza o aluno para a aprendizagem estará malhando em ferro frio.
Aprender é adquirir conhecimentos, atitudes e habilidades. Comparativamente podemos dizer que ensinar está para aprender assim como vender está para comprar. Assim sendo, se não houve aprendizagem é porque não houve ensino. Nós só vendemos alguma coisa quando alguém a compra, se assim não for, a nossa ação se resumiu na propaganda e na tentativa de vender.
Para ensinar realmente, torna-se necessário o uso de técnicas e métodos que devem estar estruturados em função do assunto que vai ser ensinado e a quem se vai ensinar. A motivação, portanto, consiste em orientar a aprendizagem de tal maneira que, satisfazendo a uma necessidade do aluno, ela se torne interessante, espontânea e agradável.
O aluno só aprende aquilo que o interessa. Portanto, a preocupação maior do professor deve ser descobrir os meios e criar um ambiente favorável para a eclosão dos interesses.
Por esse motivo, tenho afirmado que a escola tem que ser um lugar agradável, onde alunos e professores devem caminhar, de mãos dadas, rumo ao conhecimento.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

SAUDADES DE BOTUCATU - ANGELINO DE OLIVEIRA - 1889 - 1964

Nunca esquecerei de ti oh minha terra
Berço onde o amor nasceu
És princesa lá da serra
Terra dos carinhos meus

Não mais poderei viver longe de ti
Tu és a minha adoração

Oh Botucatu
Cidade dos meus sonhos
Terra do meu coração

Oh Botucatu
Cidade dos meus sonhos
Terra do meu coração

PRIMEIROS TEMPOS: ESCOLA NORMAL OFICIAL DE BOTUCATU - enviado por Onélia Simonetti Correa






João Carlos Figueiroa

Desde o final do século XIX, já com seu Grupo Escolar funcionando, a cidade passou a sonhar com uma escola pública de segundo grau, dita Escola Complementar. Não havia nenhuma escola desse tipo numa vasta região. Apoiando essa pretensão, pela imprensa de São Manuel, o advogado local e deputado pelo quinto distrito, também genro do vereador botucatuense Cel. Rafael de Moura, João Nogueira Jaguaribe, ponderava: "afora os estabelecimentos de ensino da capital,... vêem-se as escolas complementares de Piracicaba, Campinas e Guaratinguetá, os Ginásios de Campinas e Ribeirão Preto, mas para toda Zona Sorocabana, desde São Paulo ao Itararé por um lado, ao Salto Grande por um outro e ao Urubu-punga, no Rio Paraná, só existe a escola de Itapetininga...".
Com base em argumentos desse tipo e uma constante e sólida campanha de pressão, no final do ano em 1910 conseguiu-se -utilizando contatos políticos- incluir no orçamento de 1911, verbas para criação da Escola Complementar de Botucatu. Foi uma euforia só: foguetório, banda de música, passeata com velas, como era costume na época e visita da população à casa do ex-deputado Cel. Amando de Barros, adoentado na ocasião e residindo na cidade.
E começou a luta pela instalação, o que consumiu mais alguns meses, até que, talvez pressionadas ou talvez aproveitando o momento para apressar projetos em andamento, as autoridades estaduais decretaram, em 29 de março de 1911, a transformação das Escolas Complementares em criação, em Escolas Normais Primárias, destinadas a prover o Estado com professores especiais para escolas rurais.
Nova euforia, com suprema felicidade! De novo, bafejada pela sorte, a cidade ganhava uma escola de formação secundária, superior àquela que reivindicava.
Com sua Escola Normal criada em 29 de março, a cidade recebeu o senhor Carlos Gallet no dia seguinte, inspetor que veio para escolher em que casa, disponível pelo município, as aulas iriam começar. Existiam três opções: o Clube 24 de Maio, que logo colocara sua sede à disposição da cidade (onde hoje está a Câmara), a casa do Dr. Campos Toledo, na praça 15 de Novembro e finalmente a casa onde Dom Lúcio residira, na chamada Rua da Misericórdia (hoje Restaurante Ipê). Escolheu-se esta última.
Menos de um mês depois disso, com as reformas apressadas no prédio da Rua da Misericórdia, começaram a ser nomeados os professores e o diretor. Velho conhecido, o professor Martinho Nogueira, que dirigira o nosso Grupo Escolar no século passado, voltava à cidade para assumir a direção da Escola Normal, deixando uma escola do mesmo tipo, em Guaratinguetá. E ainda vieram também os professores João Ventura Fornos, para lecionar Francês, oriundo do Grupo Escolar de Araras; Amaro Egídio de Oliveira, diretor adjunto do Grupo Escolar de Sorocaba, para as matérias de Aritmética, Álgebra e Geometria; Aires Amâncio de Moura, oriundo de Paraibuna, para as matérias de História e Geografia e finalmente Joaquim Vieira de Campos, ex-adjunto do Grupo Escolar de Guaratinguetá, para o ofício de Português.
Concomitantemente, as inscrições para os exames de suficiência -como se chamavam- foram abertas, tendo aparecido 33 rapazes e 65 moças, todos atendendo exigências interessantes: ter 14 anos, trazer o atestado de moralidade e ter sido vacinado, não sofrer de moléstia maligna ou repugnante, nem ter defeito físico ou psíquico, que o incompatibilize com o magistério; e ainda ter licença do pai e para as mulheres, ser solteira. Mulher casada, nada feito.
De 2 a 4 de maio foram os exames e aquele fim de semana a cidade novamente fez festas: uma fantástica banda vinda de Tietê tocou no coreto da praça 15 de Novembro, no mesmo dia, à noite, o Clube 24 de Maio deu um magnífico baile aos professores, autoridades e pessoas que retiraram seus convites a tempo. Era só festa... festa... festa. Tudo estava dando certo.
E as aulas começaram. A cidade reencetou uma nova luta, agora, pela construção do prédio de sua Escola Normal Primária, que funcionava precariamente em edifício cedido pelo Bispado.
E essa luta não seria fácil. Mesmo antes de ter sido criada a Escola Normal, a Câmara havia, em 20 de março, feito uma doação de 20 contos para o Estado, ajudando-o na construção de um futuro edifício. Autorizara também o prefeito a doar o terreno a ser desapropriado em local de gosto da Secretaria do Interior.
Alguns meses depois, quando a Escola Normal já começava a funcionar e contrariando os moradores da parte baixa da cidade -que desejavam ver o novo edifício construído no Largo do Rosário ou no Largo Santa Cruz- a Câmara desapropriou o espaço ao lado do Grupo Escolar "Cardoso de Almeida", que àquela altura se transformara em Grupo Modelo, anexado à Escola Normal, destinado ao trabalho de formação prática dos novos professores.
Seriam dois pavimentos, ao invés dos três previstos na planta original para outras cidades, isto porque a anexação do Grupo Escolar já existente, tornaria dispensável o terceiro andar. No primeiro oficinas, no segundo o curso Normal. E as aulas práticas seriam então ministradas ao lado, no Grupo Escolar.
O ano passa, o primeiro aniversário é comemorado, mas nada de começar a construção. É ai que, valendo-se de sua amizade com o senador Rubião Junior, o ex-deputado Amando de Barros em entrevista com o Secretário do Interior, Dr. Paulo de Moraes, pede e obtém o início das obras da Escola Normal, com a liberação de 500 contos, para tal fim. Estávamos em maio de 1912.
Outro longo ano se passa e então, autorizada pelo governo do Estado, a Câmara chamou a si a responsabilidade da construção, empreitando à firma Dinucci & Pardini a execução da obra.
Finalmente em 03 de agosto de 1913 é feita a cerimônia do lançamento da pedra fundamental, como era de costume, guardando em urna preservada para a posteridade, a ata da solenidade, moedas do país e jornal do dia, que estão ali em algum lugar, até hoje.
Mas a primeira turma de professores não seria diplomada no novo prédio. O ano de 1914 seria de trabalho e falta de dinheiro. A necessidade de novas suplementações, sempre citadas nas prestações de contas dos prefeitos, apresentadas à Câmara a cada início de ano além de uma planta enorme e cheia de detalhes, atrasaram a inauguração, que só veio acontecer em 24 de maio de 1916, cinco anos depois de iniciadas as aulas.